Francisco recebeu parlamentares católicos de uma rede internacional e pediu um compromisso, em nível nacional e internacional, pela justiça, fraternidade e paz, sobretudo com os mais vulneráveis
Na manhã desta quinta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu, na Sala Clementina, no Vaticano, um grupo de 200 pessoas da Rede Internacional de Legisladores Católicos (International Catholic Legislators Network – ICLN). A rede é uma associação privada apartidária que nasceu em Trumau, na Áustria, em 2010. O grupo participa de uma conferência anual realizada em Roma, que inclui uma audiência com o Pontífice no Vaticano.
Neste ano, a reflexão é baseada na promoção da justiça e da paz na atual situação geopolítica, marcada por conflitos e divisões em diferentes partes do mundo.
Aos representantes dos legisladores cristãos em todo o mundo, o Papa os encorajou a se tornarem, então, “fermento para a renovação da vida civil e política, testemunhas do ‘amor político’ (cf. Fratelli tutti, 180) para os mais necessitados”.
Assim, o Pontífice propôs a análise de três palavras-chaves, apostando no “compromisso com a justiça e a paz, alimentado por um espírito de solidariedade fraterna” que irá orientá-los diariamente “no nobre trabalho de contribuir para a vinda do Reino de Deus no mundo”.
A justiça
Sobre a primeira palavra – justiça – definida classicamente como a vontade de dar a cada pessoa o que é direito, esta implica, de acordo com a tradição bíblica, ações concretas destinadas a promover relações justas com Deus e com os outros. Sobretudo, lembrou o Papa, quando se trata dos mais vulneráveis, que, muitas vezes, não têm voz e que esperam que os líderes civis e políticos protejam a dignidade deles.
“Penso, por exemplo, nos pobres, migrantes e refugiados, nas vítimas do tráfico de pessoas, nos doentes e idosos e em tantos outros indivíduos que correm o risco de serem explorados ou descartados pela cultura de hoje do ‘usa e joga fora’, a cultura do descarte”.
O Papa afirmou que o desafio dos legisladores católicos é trabalhar para salvaguardar e valorizar, na esfera pública, aquelas relações justas que permitam que cada pessoa seja tratada com o respeito e o amor que lhe são devidos.
A fraternidade
O Papa falou da importância de “curar o mundo tão duramente provado por rivalidades e formas de violência que surgem do desejo de dominar e não de servir”.
Assim, abordou a segunda palavra – fraternidade – o que ele define como “um senso de responsabilidade compartilhada e de preocupação pelo desenvolvimento e o bem-estar integral” de todos.
Aos legisladores católicos, motivou para a necessidade de se criar líderes inspirados no amor fraterno e voltado aos mais vulneráveis. “Encorajo os esforços contínuos de vocês, em nível nacional e internacional, para adotar políticas e leis que procurem abordar, num espírito de solidariedade, as muitas situações de desigualdade e injustiça que ameaçam o tecido social e a dignidade inerente de todas as pessoas.”
A paz
Francisco salientou a importância do esforço para a busca constante da paz. Uma paz que “não é simplesmente a ausência de guerra”, mas a cooperação na busca de objetivos que beneficiem a todos.
“A paz vem de um compromisso duradouro pelo diálogo mútuo, de uma busca paciente da verdade e da vontade de colocar o bem genuíno da comunidade acima do ganho pessoal.”
Por fim, Francisco afirmou que, nesta perspectiva, o trabalho como legisladores e líderes políticos é mais importante do que nunca. “A verdadeira paz só pode ser alcançada quando nos esforçamos, através de processos políticos e legislativos voltados para o futuro, para construir uma ordem social fundada na fraternidade universal e na justiça para todos.”
Fonte: Canção Nova