Em um tweet, Papa Francisco mencionou também a harmonia dos povos indígenas com a natureza, ao citar uma frase de um dos discursos de sua viagem ao Canadá
Nesta terça-feira, 9, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Papa Francisco recordou a data, destacando o sentido de comunidade e a harmonia com a natureza próprios destas populações.
“Quão precioso é este sentido de família e comunidade tão genuíno entre os #PovosIndígenas! E como é importante cultivar bem o vínculo entre os jovens e os idosos, e manter uma relação sadia e harmoniosa com toda a criação!”
A mensagem é parte de um discursos feito no Quebec, no encerramento da viagem ao Canadá, em que o Papa recordou a festa de Santa Ana, vivida dias antes.
Nesta visita apostólica ao Canadá, em julho, o Papa Francisco se colocou ao lado dos povos indígenas. Foi ao país para estar com eles e, mais ainda, para lhes pedir perdão nesta viagem que considerou uma “peregrinação penitencial”.
“Estou aqui, porque o primeiro passo desta peregrinação penitencial no meio de vós é o de vos renovar o pedido de perdão e dizer com todo o coração que o deploro profundamente: peço perdão pelas formas em que muitos cristãos, infelizmente, apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas.”
Marcados por tantas tradições e culturas próprias, estes povos sofreram uma grande redução ao longo da história e lutam para preservar suas tradições e línguas em meio aos desafios dos tempos atuais. Desafios que não passam despercebidos pela Igreja Católica e pelo Santo Padre, que tem demonstrado preocupação e zelo para com estas populações.
Querida Amazônia: luta pela dignidade dos povos amazônicos
O Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019, trouxe os povos indígenas para o centro das atenções dos pastores da Igreja. Fruto dele foi a Exortação Apostólica pós-sinodal “Querida Amazônia”, lançada pelo Papa em fevereiro de 2020.
No documento, Francisco fez uma abordagem ecológica e social, ressaltando que “estar sensível aos clamores da terra significa ao mesmo tempo estar atento aos clamores dos mais pobres e necessitados”.
Ele destacou o olhar atento da Igreja a esta região. “A atenção da Igreja às problemáticas deste território obriga-nos a retomar brevemente algumas questões que não devemos esquecer e que podem servir de inspiração para outras regiões da terra enfrentarem os seus próprios desafios.” (nº 5).
A luta pelos direitos e dignidade dos povos amazônicos marginalizados e oprimidos é um dos “sonhos de Francisco” para a Amazônia, destacados da exortação.
REPAM e os povos da Amazônia
Um dos secretários do Sínodo para a Amazônia, hoje vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom David Martínez de Aguirre Guinea, refletiu sobre a região e o trabalho da Igreja. Em entrevista ao Vatican News, o bispo de Puerto Maldonado, na Amazônia peruana, fala da atuação deste organismo da Igreja junto aos povos indígenas, a partir das metas traçadas no Sínodo para a Amazônia.
“Falamos do que a REPAM significa para os povos indígenas, o que significa a Igreja, a Amazônia, para mim é a mesma coisa. E o que eu diria é que, para os povos indígenas, a Igreja é uma oportunidade, um grande aliado que eles têm, de poder resgatar sua cultura, de poder sentar-se à mesa com aqueles que geram políticas, de poder encontrar um alto-falante que faça com que suas demandas e suas situações sejam reconhecidas no mundo”.
Para o bispo, a visita do Papa Francisco ao Canadá foi um grande alto-falante que gritou ao mundo que os indígenas existem, que eles têm um modo de vida, que exigem cuidado com a Terra, pelo respeito a suas culturas. A Igreja é uma grande aliada dos povos indígenas, por sua agenda na política internacional.
Fonte: Canção Nova