O chamado do cristão a iluminar onde tudo parece perdido é o coração da ação inspirada no Evangelho. Palavras do Papa Francisco à Fraternidade de Romena e ao Grupo Nain recebidos em audiência nesta quinta-feira, 23. A instituição italiana acolhe pessoas ou casais que precisam de “um pouco de pão, carinho e sentir-se em casa”, inclusive pessoas que vivem situações de luto.
Francisco discursou aos cerca de 500 participantes do encontro na Sala Paulo VI, recordando que hospitalidade, cuidado e fraternidade são três experiências que permitem que a luz do Evangelho seja difundida e afaste as obscuridades da vida. E esta é a experiência vivida por quem procura a antiga igreja paroquial românica onde está sediada a Fraternidade de Romena, “um espaço de beleza, simplicidade e escuta”.
No espírito do Evangelho, em Romena, “qualquer pessoa pode se sentir em casa”, observou o Pontífice. “O amor gratuito de Deus, que não impõe condições nem cargas sobre os nossos ombros, mas simplesmente nos acolhe e nos ama gratuitamente”.
“Não percam esse espírito, trabalhem sempre para cultivar esse estilo de abertura e acolhimento, para continuar a ser um oásis de liberdade, expressando o amor infinito e gratuito de Deus por todas as criaturas. ”
Cuidar dos que sofrem e acender luzes
A compaixão de Jesus, a participação interior que O leva a chorar com quem chora e a curar as feridas, inspira o serviço oferecido pelo Grupo Nain, que acolhe e acompanha o percurso dos pais que viveram o drama da perda de um filho. “Uma dor imensa, inconsolável, que nunca deve ser banalizada por palavras vazias e respostas superficiais”.
Saber “chorar juntos”, observou o Papa, é uma vocação própria de Romena: “A paróquia foi de fato construída em um tempo de fome e de crise, para ser uma pequena luz na escuridão daquele momento histórico”.
“Romena nos lembra disso: ser cristão significa cuidar dos feridos e dos que sofrem, acender pequenas luzes onde tudo parece estar perdido. ”
O sonho de um mundo fraterno
Francisco sublinhou aos presentes que, no coração do modo de vida de Romena, está a fraternidade, “um espaço no qual deve-se cultivar a beleza de estar juntos e descobrir no rosto de cada irmão um motivo para amar”.
“E eu gostaria de lhes dizer que esta também é a profecia da Romena”, destacou o Pontífice, “levar adiante o sonho de um mundo fraterno e solidário; semear a paz e a amizade social. O mundo de hoje, ainda marcado pela violência e pelo conflito, tem grande necessidade disso”.
Mas a amizade social, acrescentou o Papa, está ameaçada por uma doença infecciosa: a fofoca. “Eu sei, eu conheço um remédio muito bom para a fofoca, que dá bons resultados, se vocês quiserem eu digo: morder a língua. Porque quando se tem vontade de fofocar, morde-se a língua, a língua incha e então não se consegue fofocar…”
Praticar a hospitalidade
Francisco pediu à Fraternidade que “continue a praticar a hospitalidade fraterna, a oferecer um lugar onde as pessoas possam descansar e onde cada um possa se sentir amado por Deus e parte de uma fraternidade universal, aquela que o Pai quis inaugurar em Jesus e que Jesus nos pede para construir junto com Ele e com o Espírito Santo”.
Ao final, o Santo Padre recordou um precioso ensinamento do fundador: “a vida é de fato muito curta para ser egoísta”, e concluiu: “desejo que continuem com esse sonho e abençoo-os de coração”.
Fonte: Canção Nova