O Papa Francisco entrou caminhando na Sala Paulo VI enquanto os milhares de fiéis e peregrinos o saudavam. Ainda um pouco ofegante, o Pontífice deu início à Audiência Geral desta quarta-feira, 6: “Irmãs e irmãos, bom dia, bem-vindos a todos. Também hoje pedi ao monsenhor Ciampanelli para ler porque ainda estou com dificuldade. Estou muito melhor, mas tenho dificuldades se falo demais. É por isso que ele vai ler”.
O colaborador da Secretaria de Estado, Monsenhor Filippo Ciampanelli proferiu então a catequese sobre a quarta dimensão do zelo apostólico, “o anúncio é movido pelo Espírito Santo”. No texto, o Santo Padre afirma que para ‘comunicar Deus’ não bastam a alegre credibilidade do testemunho, a universalidade do anúncio e a atualidade da mensagem. Sem o Espírito Santo, ele ressalta que todo zelo é vão e falsamente apostólico: “seria apenas nosso e não daria frutos”.
Espírito Santo protagonista
O Pontífice recorda então que, como escreveu na Evangelii gaudium, Jesus é o primeiro e o maior evangelizador. De acordo com ele, “em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus”, que “quis chamar-nos para cooperar com Ele e impelir-nos com a força do seu Espírito”.
O Espírito é o protagonista, indica o Papa. “Sempre precede os missionários e faz brotar os frutos. Essa consciência nos consola muito! E ajuda-nos a esclarecer outra, igualmente decisiva: isto é, que no seu zelo apostólico a Igreja não anuncia si mesma, mas uma graça, um dom, e o Espírito Santo é precisamente o Dom de Deus”.
Francisco sublinha que a primazia do Espírito não deve levar à indolência, pois o Senhor não deixou folhetos teológicos ou um manual de pastoral para aplicar, mas o Espírito Santo que inspira a missão. A desenvoltura corajosa que o Espírito infunde, prossegue, leva todos a imitarem o seu estilo, que tem sempre duas características: a criatividade e a simplicidade.
Criatividade pastoral
A criatividade é necessária para anunciar Jesus com alegria, a todos e no hoje, garante o Santo Padre. “Nesta nossa época, que não nos ajuda a ter uma visão religiosa da vida e em que o anúncio se tornou mais difícil, cansativo e aparentemente infrutífero em vários lugares, pode surgir a tentação de desistir do serviço pastoral”, alerta.
De acordo com o Pontífice, muitos talvez se refugiem em zonas de segurança, como na repetição habitual de coisas que sempre fazem, ou apelos tentadores de uma espiritualidade íntima, ou mesmo num sentido incompreendido da centralidade da liturgia. São tentações que, sublinha o Papa, se disfarçam de fidelidade à tradição, mas muitas vezes, em vez de respostas ao Espírito, são reações às insatisfações pessoais.
“A criatividade pastoral, o ser ousado no Espírito, ardentes com o seu fogo missionário, é prova de fidelidade a Ele. Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual”, declara.
Simplicidade evangelizadora
Sobre a simplicidade, o Papa indica que precisamente porque é o Espírito que leva à fonte, ao primeiro anúncio, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial.
“Irmãos e irmãs, deixemo-nos cativar pelo Espírito e invoquemo-lo todos os dias: seja Ele o princípio do nosso ser e do nosso agir; esteja no início de cada atividade, reunião, encontro e anúncio. Ele vivifica e rejuvenesce a Igreja: com Ele não devemos temer, porque Ele, que é a harmonia, mantém sempre juntas a criatividade e a simplicidade, inspira a comunhão e envia em missão, abre à diversidade e reconduz à unidade. Ele é a nossa força, o sopro do nosso anúncio, a fonte do zelo apostólico. Vinde, Espírito Santo! ”
Fonte: Canção Nova