Santo Padre discursou a religiosas reunidas para capítulo geral em Roma, destacando o caminho de santidade e da vida comunitária
Um discurso encorajador para a caminhada da vida religiosa, perpassado pelo valor da missão, da santidade e da vida em comunidade. Essa foi a tônica do Papa Francisco ao receber nesta sexta-feira, 26, as participantes do Capítulo geral das Filhas da Caridade Canossianas.
A reflexão de Francisco partiu do tema que guia os trabalhos do Capítulo: “Mulheres da Palavra que amam sem medida. Reconfiguração a uma vida de santidade na e pela missão, hoje”.
Mulheres da Palavra
O Santo Padre observou que as mulheres sempre falam, mas precisam falar como Maria, pois ela é a mulher da Palavra, a discípula. “Olhando para ela e dialogando com ela na oração, vocês podem apresender sempre novamente o que significa ser ‘mulheres da Palavra’. O que não tem nada a ver com ‘mulheres dos mexericos”! Por favor, não confundam isso, que não haja fofoca entre vocês”.
O convite de Francisco foi que as religiosas se coloquem novamente na escola de Maria, re-centralizando-se na Palavra e sendo mulheres que “amam sem medida”. “A palavra, não o ativismo, no centro”, ponderou.
Amor sem medidas e vida de santidade
O segundo elemento do tema aponta para o “amar sem medidas”. Segundo o Papa. É possível fazer isso ao dar espaço ao Espírito e à sua ação na nossa vida. “E esta é a santidade. Mulheres do Espírito, como Maria. Deixar que seja o Espírito a levá-las adiante. Corações abertos ao Espírito”, pediu.
O tema do capítulo das religiosas também fala de uma reconfiguração a uma vida de santidade, na e pela missão, hoje. “Santidade e missão são dimensões constitutivas da vida cristã e são inseparáveis entre si”.
O testemunho de Madalena de Canossa
O Papa falou, então, sobre o testemunho da fundadora da Congregação, Madalena de Canossa. Uma mulher que se sentia chamada a doar-se inteiramente a Deus, mas, ao mesmo tempo, estar próxima aos pobres.
No coração dessa jovem mulher havia essa dupla exigência e foi o Espírito que a guiou, através de situações concretas, e ela se deixou guiar. “A vida de Madalena foi ‘configurada’ à santidade de Cristo, no modelo de Maria, na forma missionária concreta ditada pela realidade em que vivia”.
Falando às seguidoras de Canossa, o Papa mostrou sua satisfação com o número de noviças da congregação, o que mostra sua fecundidade. “É uma pena que aqui na Europa haja pouca gente, mas é o inverno demográfico europeu: em vez de filhos preferem ter cães, gatos, que é um pouco como afeto programado: eu programo o afeto, me dão o afeto sem problemas. E se houver dor? Bem, o veterinário que vem, ponto. E isso é uma coisa ruim. Por favor, ajudem as famílias a terem filhos. É um problema humano e também um problema patriótico.”
Morder a língua se for fofocar
Francisco agradeceu às religiosas pela coragem e generosidade, bem como pela alegria de seus corações e faces. Esse foi o gancho para o Papa reiterar a importância da alegria e alertar sobre o perigo das “irmãs reclamonas”.
“Isto não é um bom sinal, porque reclamam: ‘Esta superiora…’, aquilo, aquele problema … Na diocese antiga [Buenos Aires] havia uma irmã que tinha esse hábito de reclamar, e todos a chamavam de ‘Irmã Reclamona’. Nenhuma de vocês é ‘irmã reclamona’, mas a tentação de reclamar, de criticar… isso faz mal ao corpo, faz mal”.
Francisco também reiterou o perigo das fofocas. Ele comparou à tentação da fofoca com a tentação do doce: sempre chega até nós. Mas indicou um “remédio” muito simples contra isso: “se você tem a tentação de fofocar sobre os outros, morda a sua língua, assim ela se incha bem e você não vai conseguir falar. Entenderam? Por favor, nada de fofoca, isso mata a vida comunitária.”
Caminho comunitário e oração de Adoração
Concluindo o discurso, Francisco lembrou que a santificação é um caminho comunitário, exortando as irmãs a cuidarem umas das outras. Também frisou a importância da oração de adoração. “Adorar. Em silêncio, diante do Senhor, diante do Santíssimo Sacramento: adorar. Oração de adoração. E aqui novamente vocês podem seguir o testemunho da fundadora.”
O Papa encorajou e abençoou a missão das religiosas e concluiu com seu tradicional pedido: “Por favor, não se esqueçam de rezar por mim: rezem a favor, não contra!”.
Fonte: Canção Nova