Secretário de Estado do Vaticano falou à mídia vaticana às vésperas da viagem a Lisboa, contando as expectativas do Papa Francisco.
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 em Lisboa começa nesta terça-feira, 1º e aguarda a chegada do Papa Francisco nesta quarta-feira, 2. Às vésperas da viagem, o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, concedeu uma entrevista à mídia vaticana em que fala sobre a viagem e as expectativas de Francisco para o encontro com os jovens.
O Pontífice parte para Portugal com a consciência de que estes “encontros têm uma grande força em si mesmos, até a força de mudar, para alguém, a sua vida”. É assim que o cardeal compartilha com a mídia vaticana os pensamentos do Santo Padre que vai se encontrar, ouvir e falar com os jovens provenientes do mundo inteiro para esta grande festa da fé.
O Santo Padre estará na capital portuguesa de 2 a 6 de agosto, esta será a 42ª viagem internacional justamente por causa da JMJ. Parolin também pede a todos aqueles que não poderão participar fisicamente das Jornadas que “se sintam envolvidos e plenamente protagonistas” e explica que a etapa de Fátima foi desejada para estar perto dos doentes, sofredores e para rezar pela paz.
“O Santo Padre está se preparando para a próxima Jornada Mundial da Juventude com grande esperança e está incentivando os jovens a terem a mesma atitude em relação a todos os momentos que viverá com eles. Há algumas semanas, ele também recebeu, como primícias, digamos, a mochila que os jovens peregrinos receberão depois em Lisboa”, revelou o cardeal.
Significado desse encontro mundial em 2023
As Jornadas Mundiais da Juventude nasceram com uma intuição de São João Paulo II. Segundo Parolin, essa foi uma escolha profética, que dizia que a Igreja quer acompanhar os jovens para anunciar-lhes o Evangelho, para facilitar-lhes o encontro com Cristo. “Essa intuição profética me parece se manifestar em toda a sua atualidade também em nossos dias”.
Nos dias de hoje, explicou o cardeal, há o desejo de reafirmar o compromisso da Igreja com as gerações mais jovens. Diante de tantos desafios, mais do que nunca é necessário que os jovens encontrem o rosto de Jesus Cristo, acrescentou. “Assim, a Jornada Mundial da Juventude continua sendo um importante instrumento e ocasião de evangelização para o mundo dos jovens.”
Aprendizados e desafios
Em outro ponto da entrevista, o secretário de Estado comenta o que a Igreja pode aprender com os jovens hoje. “Acredito que a Igreja tem diante de si o grande desafio da transmissão da fé, a transmissão da fé para o mundo em geral. E acredito que, nessa tarefa que a Igreja tem, os jovens têm algo a nos dizer”.
Ele recordou que o Papa tem falado com frequência sobre a ruptura na transmissão da fé entre as gerações do povo de Deus, explicando que é um tanto normal que eles se sintam quase desiludidos com a Igreja e deixem de se identificar com a tradição católica.
“Essa situação, da qual devemos estar conscientes e levar em consideração, toca de perto a existência dos jovens, que trazem consigo muitas perguntas, muitas dúvidas e muitas questões às quais não sabem como responder.”
E diante dos desafios que o mundo enfrenta – guerras, pobreza, indiferença, secularismo, entre outros – a mídia vaticana também indagou o cardeal sobre como os jovens podem vencer tais situações.
“Creio que a indicação nos chega justamente da Mensagem que o Santo Padre dirigiu aos jovens para a JMJ, onde apresenta Nossa Senhora que, após a Anunciação, levanta-se apressadamente e vai (Lc 1,39) até sua prima Isabel, para ajudá-la em suas necessidades. Aqui, portanto, Nossa Senhora nos mostra, mostra sobretudo aos jovens, o caminho da proximidade e do encontro. E eu acredito que os jovens, justamente quando seguem esses caminhos, esses caminhos de proximidade e de encontro, têm a capacidade em si mesmos de enfrentar e de ajudar a resolver e a vencer os muitos desafios de nossa sociedade.”
Etapa em Fátima
Além de Lisboa, Francisco visitará Fátima, onde rezará o terço no Santuário com jovens doentes. Segundo Parolin, uma visita importante, um momento intenso.
“Acredito que o Papa queira reiterar a mensagem de Nossa Senhora aos três pastorinhos quando ela apareceu no distante 1917. Eram palavras de consolo, eram palavras de esperança em um mundo em guerra, não muito diferente da realidade que estamos vivendo hoje.”
O cardeal também é questionado sobre o que pode nascer desse encontro da juventude com o Papa. Ele responde que a graça de Deus trabalha nos corações dos homens e dos jovens. E ressaltou três momentos de encontro que são muito importantes: ouvir Deus (um momento no qual a Vigília com os Jovens é bem significativo), ouvir o Papa (“sabemos o quanto o Papa tem a capacidade de entrar em contato e sintonizar-se com os jovens) e ouvir os jovens entre si.
Palavra aos jovens que não vão a Lisboa
Ao final da entrevista, uma fala do cardeal aos jovens que não estarão em Lisboa, embora desejassem muito fazê-lo. O convite do cardeal é para que se unam espiritualmente ao Papa e aos seus coetâneos que estão em Portugal e vivam, mesmo que à distância, fortemente essa experiência. “E assim também eles devem se sentir parte viva desta JMJ!”.
Concluindo, o cardeal lembrou que, como diz o Papa, as JMJ não são “fogos de artifício”, ou seja, momentos de entusiasmo que, no entanto, permanecem fechados em si mesmos. Tais momentos devem ser integrados à pastoral juvenil ordinária.
“Portanto, antes de cada JMJ deve haver um trabalho pastoral por parte das dioceses e paróquias que são chamadas a preparar os encontros mundiais, e que depois deve existir uma continuação. Acredito que, nesse momento, todos os jovens, mesmo aqueles que não podem estar fisicamente presentes em Lisboa, devem se sentir envolvidos e plenamente protagonistas.”
Fonte: Canção Nova