A Santa Sé apresentou, nesta segunda-feira, 21, a aguardada Constituição Apostólica da Cúria Romana ‘Praedicate Evangelium’ em uma coletiva de imprensa
Líderes eclesiásticos e especialistas envolvidos no trabalho de formulação da nova Constituição Apostólica da Cúria Romana apresentaram o documento ‘Praedicate Evangelium’ aos jornalistas presentes tanto na Sala de Imprensa da Santa Sé, quanto aos que assistiram ao evento on-line.
O texto do documento foi divulgado dois dias antes, na Solenidade de São José, no sábado, 19, quando o Papa Francisco promulgou a Constituição Apostólica.
Dimensão missionária
Entre os responsáveis pela coletiva de imprensa estava Dom Marco Mellino, secretário do Conselho dos Cardeais, que destacou o próprio título do documento, ‘Praedicate Evangelium’, que ressalta a dimensão missionária e o dever central da evangelização, proclamando a Boa Nova do Evangelho, que diz respeito a todos os ofícios que auxiliam o Papa em seu ministério pastoral.
O religioso também destacou como a Cúria Romana está, por sua natureza, a serviço da Igreja universal e sob a direção do Papa que o ajuda a realizar sua missão pastoral universal em todo o mundo.
Dom Marco também observou como o conceito de sinodalidade entra na equação agora, à medida que a Cúria Romana se torna cada vez mais instrumental na escuta e no diálogo com as Igrejas particulares no desempenho de seu serviço.
‘Ecclesia sempre reformanda’
O Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que ao longo desses anos auxiliou o Papa Francisco e os cardeais na preparação do documento, ofereceu uma visão geral e o contexto histórico em torno dele.
A nova Constituição Apostólica substituirá a atual que rege a Cúria Romana, ‘Pastor Bonus’, promulgada em 28 de junho de 1988 pelo Papa São João Paulo II. A nova Constituição entrará em vigor em 5 de junho de 2022, Solenidade de Pentecostes.
O Cardeal Semeraro observou como a ‘Praedicate Evangelium’, há muitos anos, vem sendo preparadas a partir de discussões que remontam ao conclave de 2013, e que agora conclui a reforma da Cúria Romana.
Muitas das reformas já foram implementadas nos últimos anos, mesmo antes de a nova Constituição ser finalizada, embora todos os escritórios da Cúria Romana precisem garantir que seus estatutos atuais estejam totalmente alinhados com as indicações finais estabelecidas na Constituição Apostólica.
Inovação e reformas
Padre Gianfranco Ghirlanda, SJ, advogado canônico e professor emérito da Pontifícia Universidade Gregoriana, ofereceu sua opinião sobre o documento.
O professor e padre notou que áreas de inovação, incluindo o papel cada vez mais importante dos leigos na Cúria Romana e a possibilidade que eles têm de ocupar cargos de autoridade e governo, ao mesmo tempo em que reconhece responsabilidades em que as Ordens Sagradas são necessárias.
Pe. Ghirlanda também analisou o papel e a autoridade das Conferências Episcopais em todo o mundo. E explicou como a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores recebeu especial importância e destaque com sua colocação sob a responsabilidade da Congregação para a Doutrina da Fé.
Descreveu ainda as reformas e reorganização dos escritórios relativos às áreas econômica e financeira da Santa Sé, a fim de adequá-los aos mais recentes padrões para atender às necessidades atuais.
Concluindo, ponderou que em todas essas reformas está a ênfase na “reforma interior”, ou seja, assegurar a adequada disposição interior de todos os que servem na Cúria Romana, dando maior atenção à conversão pessoal e permanente, que não é apenas uma questão de estruturas “semper reformanda” — continuamente renovadas — mas antes em relação às pessoas.
Fonte: Canção Nova