Santa Inês é uma das santas mais populares do calendário. Uma das figuras mais graciosas, uma das heroínas mais cantadas pelos poetas e pelos Santos Padres. Da poesia e da lenda passou à arte, desde Bernini até Aionso Cano. Cada época reproduz com o seu estilo, mas todas competindo em exaltá-la. Como a Inês de Carlos Doíci, cuja doce formosura e alvura de lírio nos atrai com o seu encanto inefável.
A devoção a Santa Inês manteve-se viva através dos tempos. A igreja introduziu o seu nome no cânon da missa. É o protótipo da virgem fiel consagrada a Cristo, desde a mais tenra idade. O seu nome, pura em grego e cordeira em latim, é já um presságio.
A terna cordeirinha tingiu o seu candor virginal com o sangue do martírio em princípios do século IV nas perseguições de Diocleciano. Inês, patrícia romana, menina tão pura como o seu nome, andava pelos seus treze anos. A sua devoção, diz Santo Ambrósio, era superior à sua idade. A sua energia superava a natureza. Não havia naquele corpo lugar para o golpe da espada. Mas quem não tinha onde receber a ferida do ferro, teve fortaleza para vencer o mesmo ferro e a todos os que queriam dominá-la.
Recusou a mão do filho do Prefeito de Roma, pelo que foi acusada de cristã e julgada. A donzela, canta Prudêncio nos seus versos, mergulhada já no amor a Cristo, resistia firmemente às seduções dos ímpios para que abandonasse a fé e oferecia de bom grado o corpo à tortura. São Dâmaso cantou também a fidelidade da virgem. Colocou debaixo dos pés as ameaças do tirano e superou, ainda menina, um imenso terror.
Quantos terrores - insiste Santo Ambrósio - ensaiou o verdugo para assustá-la. Quantos elogios e promessas para rendê-la! Porém ela respondia com firmeza superior à sua idade.: "Injúria seria para o meu Esposo pretender agradar a outro. Entregar-me-ei só àquele que primeiro me elegeu. Que esperas, verdugo? Pereça um corpo que pode ser amado por olhos que detesto".
Anuncia logo o juiz um lugar mais terrível para uma virgem. "Faz o que quiseres - responde Inês - impávida e confiante. Cristo não esquece os seus. Tingirás, se quiseres, a espada com o meu sangue. Mas não mancharás os meus membros com a luxúria". Despeitados, os juízes mandaram conduzi-la a uma casa de prostituição pública, expondo-a ao fogo criminal da luxúria. Porém o cabelo cresce-lhe milagrosamente, sobre o lírio desnudado que.~ o seu corpo, para que nenhum rosto humano profanasse o templo do Senhor. Para recordar este fato, naquele mesmo lugar, na atual praça Navona, existe ainda hoje a Igreja de Santa Inês. Venera-se ali uma relíquia insigne da virgem de Cristo.
Inês ainda passou pelo tormento do fogo. Contudo o fogo respeitou o corpo virginal. Então veio o verdugo com a espada. O seu braço treme e o seu rosto empalidece, segundo Santo Ambrósio. Inês, entretanto, aguarda valorosa. A cordeirinha recebeu-o alegre, orou brevemente, inclinou a cabeça e consumou-se o martírio. A descrição desta última cena é uma das mais belas páginas de Fabíola, a exemplar novela do cardeal Wiseman. Os restos virginais foram enterrados na Via Nomentana, nas chamadas catacumbas de Santa Inês. Ainda hoje, no dia 21 de Janeiro de cada ano, abençoam-se neste lugar dois cordeirinhos com cuja lã se tece o palllum do papa e dos arcebispos. Santa Inês continua a ser hoje exemplo para as jovens cristãs.
Oração a Santa Inês
Ó Deus, que destes à Vossa Santa Igreja, Santa Inês, como exemplo de pureza de vida, ornada de todas as virtudes, fazei que as nossas jovens encontrem nela um modelo de fé e de amor à seguir., servindo somente à Cristo e seu Reino. Por sua vida e por seus méritos, afastai os males da juventude que as rodeia; as drogas, as más companhias, o indiferentismo religioso, e todas as tentações do mal. Que Santa Inês interceda à Deus por uma juventude sadia, alegre e animada pela vida, cheia de entusiasmo pelas coisas de Deus e de esperança de um Mundo melhor. Santa Inês, rogai por nós.