A agonia de Jesus foi, obviamente, diferente de qualquer outra. No entanto, São Paulo fala sobre a importância de “compartilhar o sofrimento de Jesus e receber seu conforto”
Fulton Sheen, o amado sacerdote e popular personalidade da TV americana dos anos 50, uma vez expôs o que Jesus enfrentou no Jardim do Getsêmani:
“Pode-se adivinhar o horror psicológico dos estágios progressivos de medo, ansiedade e tristeza que prostraram [Jesus] antes mesmo de um único golpe ter sido dado. Diz-se que os soldados temem muito mais a morte antes da hora zero de ataque do que no calor da batalha…”
Agora, se você já lutou com as emoções listadas acima – medo, ansiedade e tristeza – você provavelmente está familiarizado com os comentários dolorosos frequentemente feitos por amigos bem intencionados.
O conselho “tenha fé”, sempre me causou mais dor, embora eu tenha certeza de que nunca foi oferecido com o mínimo de indelicadeza. Ainda assim, esta “consolação” infere que minha angústia deriva de uma falta de fé. Ou que se eu for dotado com a quantidade perfeita de fé, minha ansiedade irá de alguma forma desaparecer.
É por isso que nunca esquecerei o que senti há anos durante uma meditação das 3h da manhã sobre a agonia de Jesus no Jardim: Jesus tinha uma fé perfeita! Pensei: Ele sabia que a ressurreição estava bem ao virar da esquina, mas seus poros ainda escorriam sangue!
Mas como posso comparar a angústia de Nosso Senhor sobre sua iminente crucificação com minhas provações? A agonia de Jesus foi, obviamente, diferente de qualquer outra. No entanto, São Paulo descreve a vida de um cristão como sendo “crucificado com Cristo”; ele também fala sobre “compartilhar o sofrimento de Jesus e receber seu conforto”.
Portanto, vá em frente, siga estas dicas de Nosso Senhor para administrar sua ansiedade.
CANTE UM HINO
Há apenas uma passagem das Escrituras onde se menciona que Jesus cantou uma canção, e é bem antes de seus amigos o abandonarem: “Terminando o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras” (Marcos 14,26).
Os estudiosos de hoje poderiam nos dar uma boa ideia do que Jesus teria cantado, com base no rito da Páscoa judaica. Como o povo judeu, eu acho que os Salmos são os melhores hinos de conforto. Eu sempre murmuro um salmo à primeira pitada de nervosismo, silenciosamente quando outras pessoas estão por perto, mas super alto quando estou sozinho no carro.
REZAR “MAIS INTENSAMENTE”
Eu falo com Deus o dia todo, muitas vezes enquanto lavo a louça ou dobro a roupa. Mas nada acalma minha alma e me prepara para uma melhor noite de sono do que passar 15 a 20 minutos em uma forma mais profunda de oração meditativa a cada noite. É aí que costumo ser atormentado pela tristeza sobre o passado e experimentar pensamentos de corrida sobre o futuro. Nesses momentos, penso frequentemente em Jesus no Getsêmani, que “entrou em agonia e orava ainda com mais instância”.
Por esta razão, escondo-me da minha família atrás de uma porta fechada. Ajoelho-me e falo francamente com Deus em minhas próprias palavras, listando cada um dos dilemas que me atormentam. Então, depois de fechar a boca e ouvi-lo em silêncio por um tempo (porque a oração é mais sobre Deus mudar nossas mentes, do que nós mudarmos a dele), concluo rezando o terço, sempre com a intenção de receber a graça de aceitar a vontade de Deus.
ESPERAR PELO ANJO
Finalmente, espere que Deus envie um anjo para te consolar (vá em frente e peça um). Há um famoso quadro do artista Carl Heinrich Bloch do século 19 intitulado “Anjo com Jesus Cristo antes da prisão no Jardim do Getsêmani”. Esta pintura retrata Lucas 22,43, onde Deus enviou um anjo para confortar Jesus. Eu amo os detalhes sobre esta ilustração, mas minha parte favorita é como o anjo está apoiando a mão de Jesus, levantando-a em oração.
“Envia-me teu anjo”! Eu implorei a Jesus outra noite, pedindo especificamente a mesma pessoa que o consolou. Imediatamente, imaginei dois braços poderosos ao meu redor, assim como no quadro. O momento foi um pouco revolucionário, embora eu tenha certeza de que a ansiedade é uma cruz que posso carregar durante toda a minha vida. Mas, como Jesus, não tenho que carregá-la sozinho. E com a ajuda de sua graça, este fardo se torna cada dia mais leve.
Fonte: Aleteia