Bispo responsável pelo Meio Ambiente da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales fala do trabalho a ser desenvolvido em prol da casa comum
O Tempo da Criação está acontecendo — de 1º de setembro a 4 de outubro, mais precisamente — com comunidades de fé orando e organizando eventos que visam contribuir para a proteção da casa comum.
Escrevendo sobre este tempo, o Papa Francisco disse: “esta é a época para deixar nossa oração ser inspirada de novo, uma época para refletir sobre nosso estilo de vida, uma época para empreender ações proféticas, pedindo decisões corajosas e direcionando o planeta para vida, não a morte”, ponderou o Santo Padre.
Consciência ecológica
Na semana passada, durante uma audiência com um grupo de especialistas ecológicos, o Papa saudou o fato de que “a questão da ecologia está cada vez mais permeando os modos de pensar em todos os níveis e começa a influenciar as escolhas políticas e econômicas, ainda que falte muito ser feito e mesmo que ainda estejamos testemunhando passos lentos e até mesmo para trás”.
Situada no noroeste da Inglaterra está a Diocese de Salford, liderada por Dom John Arnold, que também é o porta-voz para o Meio Ambiente da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales.
Nos últimos dois anos, o bispo escreveu cartas pastorais conclamando as escolas e paróquias de sua diocese a levar a crise ambiental mais a sério e a fazer pequenas mudanças em suas vidas diárias.
O religioso também respondeu ao desafio da encíclica do Papa Francisco acerca do cuidado com a criação, lançando um projeto em sua diocese com o objetivo de encorajar a sustentabilidade ambiental.
Perguntado se acredita que as pessoas estão se tornando cada vez mais conscientes dos danos causados ao planeta e da importância de cuidar da Terra, o bispo Arnold disse que todos estão mais conscientes. “As pessoas estão mais atentas sobre isso, certamente os meios de comunicação no Reino Unido têm muito mais notícias [sobre o assunto], não só sobre o tempo, mas o impacto do tempo em termos de mudanças climáticas: as tempestades, as secas, os incêndios florestais”, afirma o religioso.
Conversão e conexão
Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco disse que o mundo precisa de uma “conversão” ecológica para manifestar a visão da Igreja de uma ecologia humana integral.
O Sucessor de Pedro também disse que “uma coisa sobre a conversão ecológica é que nos faz ver a harmonia geral, a correlação de tudo: tudo está conectado, tudo está relacionado”.
Dom Arnaldo observa que o Papa Francisco “nos fez um grande favor ao dizer que tudo está conectado, e ele fez isso em suas encíclicas. Todos e tudo estão conectados, e quando fazemos algo em um lugar tem repercussões em muitas outras esferas diferentes de nossa sociedade”.
O bispo inglês acrescenta que a pandemia causou grandes dificuldades para muitas pessoas, mas acha que colocou também algumas questões muito importantes sobre como cuidar uns dos outros, as prioridades à medida que se emerge da pandemia.
As pessoas que mais sofrem com essa pandemia, explica o bispo Arnold, são aquelas das nações mais pobres e “temos que estar muito mais conscientes sobre elas, sobre sua pobreza e sua necessidade de cuidados básicos”.
Importância da educação
“Cada escola que chego parece estar muito atenta ao meio ambiente, muito entusiasmada com isso, não no sentido de que todas estejam assustadas com os danos, mas, na verdade, sendo educadas de uma maneira muito positiva sobre como devemos cuidar da criação”, diz Dom Arnold.
“É extraordinário, você sabe, crianças de sete e oito anos sendo muito articuladas sobre essas coisas e gostando do assunto.”
O projeto Laudato Si
Cinco anos atrás, o Papa Francisco publicou a encíclica Laudato Si: o cuidado com nossa Casa Comum.
O documento convida toda a comunidade global a reconhecer como cada pessoa está conectada e dependente umas das outras, bem como do mundo em que vivemos. “Acho que o Papa Francisco tem sido a voz global com a Laudato Si’”, disse o Bispo Arnold, que criou um projeto ambiental com o nome da encíclica, que inclui um jardim murado, horta e colmeias.
O projeto, explica Dom Arnold, visa à educação de escolas e paróquias que visita para falar sobre o ambiente e questões como a biodiversidade. “No momento estamos promovendo um projeto que visa medir nossa pegada de carbono para que possamos ajudar outras dioceses na Inglaterra e no País de Gales a seguir uma política de redução de nossas emissões de carbono”, finaliza.
Fonte: Canção Nova