Documento do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos traz indicações práticas em apoio à missão dos bispos
“Um dever e uma obrigação”, não uma atividade acessória, “opcional” do próprio ministério. Este é o nível no qual se encontra a responsabilidade de um bispo de promover “a causa ecumênica”. É o que recorda claramente o documento do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos divulgado nesta sexta-feira, 4.
“O bispo e a unidade dos cristãos: vademecum ecumênico” é o título da contribuição elaborada pelo dicastério vaticano e aprovada pelo Papa, que pretende ser um “apoio” para cada pastor e uma resposta a algumas solicitações que surgiram num encontro de alguns anos atrás. Francisco se referiu a esta missão ecumênica particular em sua carta por ocasião do 25º aniversário da encíclica Ut unum sint (1995), na qual desejava que o Vademecum se tornasse “estímulo e orientação” no compromisso dos bispos com a unidade de todo o corpo cristão, um compromisso, especificado na introdução do documento, “que diz respeito a toda a Igreja”.
“Desafio para os católicos”
O texto está dividido em duas partes, uma dedicada à promoção do ecumenismo, a outra às relações entre os cristãos com as diferentes seções sobre como isto é possível. Na primeira parte, a busca da unidade é indicada como “um desafio para os católicos” e o bispo como “um homem de diálogo que promove o compromisso ecumênico”, responsável pelas iniciativas neste campo. Além disso, são delineadas as modalidades de formação, as áreas em que ela se desenvolve, os meios necessários para promovê-la e são dadas algumas “indicações práticas”, tais como “assegurar que em todos os seminários e em todas as faculdades de Teologia haja um curso obrigatório de ecumenismo”, ou que a documentação e o material sobre este assunto seja divulgado “através do site diocesano”.
Prontos para o primeiro passo
A segunda parte define o movimento ecumênico como “único e indivisível”, embora com “formas diferentes de acordo com as várias dimensões da vida eclesial”. Fala de “ecumenismo espiritual”, e da “necessidade de rezar com outros cristãos” e de partilhar momentos, festas e tempos litúrgicos, graças a um calendário comum que permite aos cristãos de se prepararem juntos para a celebração das festas mais importantes. Fala-se também do “diálogo da caridade” e do estímulo a uma cultura do encontro na qual os católicos “não devem esperar apenas que outros cristãos se aproximem deles”, mas a estarem “sempre prontos a dar o primeiro passo”. São aprofundados o ecumenismo pastoral, as missões e a catequese, a partilha da vida sacramental para depois chegar ao “ecumenismo prático”, ou seja, a colaboração entre cristãos, como por exemplo, na defesa da vida ou na luta contra a discriminação, e ao “ecumenismo cultural”.
Na entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, fala sobre a elaboração do documento e reitera seus pontos salientes.
Como nasceu este documento e qual é o seu objetivo?
Koch: O Vademecum ecumênico nasceu de um pedido feito pelos membros de nosso Pontifício Conselho em 2016. Sentiu-se a necessidade de um pequeno documento que pudesse incentivar, ajudar e orientar os bispos católicos em seu serviço de promoção da unidade. Além disso, com a publicação deste Vademecum ecumênico, quisemos celebrar o vigésimo quinto aniversário da Encíclica “Ut unum sint” e o sexagésimo aniversário da criação do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Por que um texto específico para os bispos?
Koch: A responsabilidade do bispo de promover a unidade cristã é claramente afirmada no Código de Direito Canônico. O compromisso ecumênico do bispo não é uma dimensão opcional de seu ministério, mas um dever e uma obrigação.
Qual foi o processo de preparação deste novo documento?
Koch: A preparação do Vademecum ecumênico durou cerca de três anos. Um primeiro rascunho foi preparado pelos oficiais deste Pontifício Conselho e depois apresentado durante a plenária do Dicastério, em 2018. O texto foi então enviado a numerosos Dicastérios da Cúria Romana. Por fim, o Santo Padre aprovou o Vademecum, definindo-o um “incentivo e guia” para o exercício das responsabilidades ecumênicas dos bispos. O Vademecum se baseia no Diretório Ecumênico de 1993. Não se tratava, porém, de repetir este documento, mas de propor um breve resumo, atualizado e enriquecido pelos temas realizados durante os últimos pontificados, e sempre adotando o ponto de vista do bispo: um guia que possa inspirar o desenvolvimento da ação ecumênica.
Fonte: Canção Nova