Evento acontece no próximo sábado, 10, na Praça São Pedro, e em outras oito praças do mundo. Confira ações que constam na programação do “Not Alone”.
A palavra fraternidade ressoará, na Praça São Pedro, em Roma, e em mais oito praças do mundo – Brazzaville, Bangui, Adis Abeba, Buenos Aires, Nagasaki, Lima, Jerusalém e do navio de resgate Mare Jonio, em Trapani, Itália. O evento será transmitido pela mídia vaticana, pela Rai 1, e em streaming para que a fraternidade possa permear a cultura e recordar que todos os homens são “constitutivamente irmãos”, pois estão “unidos por uma única humanidade”, disse o arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Mauro Gambetti, na manhã desta segunda-feira, 5, durante a coletiva, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O momento com os jornalistas aconteceu para explicar o objetivo do “Not alone” (Não sozinho), Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana que será realizado no sábado, 10. O evento terá a participação do Papa Francisco.
Inspirada na Encíclica Fratelli tutti, a iniciativa é organizada pela Fundação vaticana de mesmo nome em colaboração com a Basílica de São Pedro, com o Dicastério para Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e com o Dicastério para a Comunicação. O Not Alone vai promover a cultura da fraternidade, do diálogo e da paz, e reunirá várias personalidades e jovens de todo o mundo, incluindo jovens ucranianos e russos, que, no final do dia, de mãos dadas, se unirão num grande abraço na colunata da Praça São Pedro, símbolo arquitetônico do abraço universal da Igreja.
Os dois momentos do dia
“Not alone” é um dia pensado como um processo e uma experiência de construção da fraternidade que se dividirá em dois momentos: pela manhã se reunirão, no Vaticano, cinco grupos de trabalho, Prêmios Nobel, ambiente, escolas, pessoas vulneráveis e associações, que abordarão o tema da fraternidade e compartilharão caminhos de comunhão.
Na parte da tarde, às 16h, terá início o encontro conduzido pelo apresentador italiano Carlo Conti, um momento de festa e união sob a bandeira da partilha, arte e música, que pretende ser uma oportunidade para redescobrir o sentido de fraternidade e amizade social. Dentre os artistas que se exibirão e darão seu testemunho estão: Al Bano, Amara, Andrea Bocelli, Roberto Bolle, Giovanni Caccamo, Simone Cristicchi, Hauser, Carly Paoli, o Pequeno Coro Antoniano, Mr. Rain, Amii Stewart e Paolo Vallesi.
Haverá espaço para representantes do terceiro setor, associações de defesa dos direitos humanos, ambientalistas e empresários que falarão sobre suas escolhas e seu compromisso com a construção de uma cultura de fraternidade. Também serão contadas experiências das outras praças conectadas.
Os testemunhos
No encontro, falarão sobre suas missões o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, a Comunidade de Santo Egídio, o Centro Astalli e Rondine Cittadella della Pace. “Estamos felizes em nos unir ao apelo do Papa pela fraternidade humana e pela paz”, sublinhou Grandi falando remotamente na coletiva de imprensa. “Num mundo tão martirizado por conflitos, esta mensagem deve ser acolhida para o bem de toda a humanidade”. Grandi acrescentou que hoje existem numerosas comunidades “que acolhem os refugiados como irmãos e irmãs e juntos se comprometem a fazer crescer nossas sociedades”. Ele espera que “Not alone” “seja o início de uma solidariedade reforçada para mais de 103 milhões de deslocados e refugiados que ainda buscam proteção”.
Também participará do encontro o porta-voz da Rede Refugiados na Líbia, Davi Yambio, que fugiu dos campos de concentração de Trípoli e hoje é refugiado político na Itália; presidente de Ajuda à Igreja que Sofre Itália, Sandra Sarti; líder dos direitos das crianças, Kinsu Kumar; fundadora da Root of peace, Heidi Kuhn, organização dedicada a limpar campos de minas antipessoais para torná-los terras agrícolas férteis; fundadora da Novamont, Catia Bastioli; criador da Fundação Symbola, Ermete Realacci.
O navio de resgate Mare Jonio, que para a ocasião será transformado numa praça, acolherá a bordo 50 mulheres e homens provenientes de várias experiências de solidariedade, acolhimento e partilha, leigos e religiosas, engajadas na Sicília. Também haverá espaço para sacerdotes, religiosas, religiosos e leigos comprometidos em construir uma cultura de solidariedade e amizade social no mundo. Compartilharão suas experiências: de Buenos Aires, o ilustrador de desenho animado, Sergio Sánchez; de Lima, a cozinheira e membro da comunidade religiosa Hijas de María, a religiosa María Helida; e a criadora de Huarochirí, Maricela Macavilca. Além disso, estará presente de Bangui, padre Matthieu, enquanto o patriarca latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, falará de Jerusalém.
Participação do Papa
O Papa Francisco chegará à Praça São Pedro às 18h locais, saudará os presentes e as praças conectadas no mundo e ouvirá o que emergiu nos grupos de trabalho da manhã. Os ganhadores do Prêmio Nobel, Muhammad Yunus e Nadia Murad, que receberam o prêmio da paz respectivamente em 2006 e 2018, apresentarão ao Pontífice um documento sobre a fraternidade, e juntos lançarão a coleta de um bilhão de assinaturas para a fraternidade universal. Será o início de um processo, disse o Cardeal Gambetti. “Ou somos irmãos, nos reconhecemos irmãos, ou nos tornamos inimigos”, acrescentou. “Cada um deve escolher de que lado ficar. Todos aqueles que assinarem a declaração ao longo do caminho que se seguirá a partir de 10 de junho, farão parte daquele mundo que quer construir a fraternidade”.
Será mostrado a Francisco um elaborado sobre a fraternidade e um vídeo feito para os mais frágeis e para os que vivem às margens da sociedade. “Todos temos a mesma dignidade, mas somos diferentes sob todos os pontos de vista: antropológico, cultural, social, étnico, religioso”, destacou o vigário geral do Papa para a Cidade do Vaticano. “Mas esta é a grande beleza e também o grande dom e potencial, porque em torno destas diferenças, lidas à luz da fraternidade, é possível construir a comunhão, comunidade”.
Um abraço ao mundo inteiro da Praça São Pedro
Em seguida, meninas e meninos dos cinco continentes estenderão a mão ao Papa, acompanhados pelo Pequeno Coro Antoniano, para formar um abraço simbólico, que envolverá todo o hemiciclo de Bernini. Ao final do dia, cada participante receberá de presente um pedaço de terra orgânica e sementes para plantar e germinar, como símbolo do compromisso de salvaguardar a fraternidade.
“O cardeal Zuppi está em missão em Kiev para levar adiante esta visão, ou seja, que seja possível reconhecer-se como irmão e que, como tal, se reconheçam como um dom e possam conviver pacificamente”, afirmou o Cardeal Gambetti, reiterando que o objetivo do dia 10 de junho é relançar a palavra fraternidade e dar voz ao que o Papa Francisco escreveu na Fratelli tutti a fim de “traçar um horizonte no qual reencontrar e compreender novamente o mundo, a globalização, com dinâmicas que favoreçam o crescimento de todos e a harmonia entre os povos, no âmbito da economia, da justiça, da política, do trabalho e do ambiente”. “Gostaríamos muito que todos nos tornássemos irmãos”, concluiu o purpurado.
Fonte: Canção Nova