O arcebispo de Bolonha se encontrou com o Papa Francisco e, à margem da apresentação do novo livro de Andrea Riccardi sobre a paz, falou sobre os primeiros passos de sua missão humanitária em Kiev e Moscou.
“Sim, certamente vi o Papa”, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), cardeal Matteo Zuppi, antes de iniciar seu pronunciamento na apresentação do livro de Andrea Riccardi “O grito de paz” (Paulus), realizada na sede da Comunidade de Sant’Egidio na noite de terça-feira, 4, em Roma.
Respondendo a perguntas dos jornalistas sobre sua missão em Kiev e Moscou, o arcebispo de Bolonha explicou que a prioridade “agora é trabalhar pelos mais desfavorecidos, como as crianças, e ver se será possível iniciar o mecanismo para eles e ajudar o lado humanitário. Esperemos que se comece pelos menores, por aqueles que são os mais frágeis. As crianças devem poder regressar à Ucrânia. O próximo passo, portanto, será primeiro verificar as crianças e depois ver como fazê-las regressar, a começar pelas mais frágeis”.
Durante a apresentação – moderada pelo professor Marco Impagliazzo, historiador e presidente da Comunidade de Sant’Egidio, o também jornalista Marco Damilano, o professor Giuseppe De Rita, presidente do Censis, e a professora Donatella Di Cesare -, o cardeal sublinhou como “o livro de Riccardi é útil hoje porque nos ajuda a desenvolver a consciência do momento que estamos vivendo, indica-nos uma capacidade de tecer a tela sobre aquela que Giuseppe De Rita definiu como a ‘profundidade da história’ e a entender que as soluções para a guerra devem ser procuradas na complexidade da realidade”. A guerra de fato, acrescentou, “é sempre uma derrota para todos”. Por isso, é preciso que “também a Igreja de hoje saiba ajudar, para recomeçar na construção do nós, na passagem do eu para um nós maior”.
Andrea Riccardi, por sua vez, sublinhou que é tempo de “voltar a pensar sobre o que é a paz”. E a guerra, como disse um soldado de infantaria da Segunda Guerra Mundial, “é feia porque você acaba embaixo da terra”. Hoje, a guerra atemoriza “sim, mas talvez não o suficiente”, disse ainda. Por isso, hoje “deve ser derrotada a visão da guerra como um game, porque isso leva à sua inexorável aceitação, a uma inaceitável familiaridade com a guerra, quase à sua reabilitação”.
Então – continuou Riccardi – o problema é “reencontrar uma emoção de horror pela guerra e um ímpeto em direção à paz. Mas onde está o movimento pela paz?”, pergunta. “Não sei, não o vejo – é a resposta – porém há muitos fragmentos em movimento, e, portanto, somos chamados a recompô-los para reconstruir a comunidade, para reconstruir o nós”.
Por isso, por parte da política, “são necessários pensamentos mais longos e visões mais amplas, é necessário um maior investimento na diplomacia. É preciso resgatar a história e a memória, como as da Segunda Guerra Mundial e da Shoah. Superar o discurso do derby, das curvas do estádio. É preciso cultivar uma cultura de paz e que essa cultura se difunda entre as pessoas”.
Fonte: Vatican News